quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

“Existem amizades que duram uma vida, mais a deles irá superar a morte.”


Ela sentia como se fosse ontem, que ele estava ali ao lado dela, rindo, falando bobagem, ambos brigando. Parece ontem que estavam abraçados, sempre tão juntos. Parece que foi ontem também, que ele morreu. Por que a dor que ela sente ainda continua a mesma, até maior, nem parece que três meses de passaram.

Antes de tudo ele estava tão bem, brincando, estava com aquele sorriso alegre que ele sempre carregava nos lábios, estava arrumando confusão como sempre arrumava, dando sua cara a tapa por aquilo que acreditava, como sempre fazia.

Era de manhã, tudo estava normal. Era uma sexta feira normal, ou pelo menos era pra ser. Eles tinham discutido mais cedo, no começo da aula, mais já estavam bem, se despediram apenas com um ‘tchau’, não ouve nenhum abraço como eles sempre faziam, não desejaram nenhum bom final de semana pro outro como sempre desejavam e até parece que não desejaram adivinhando que não seria bom. E realmente não foi.

Era 18h00min, ela lembra perfeitamente a hora. Seu celular tocou e alguém do outro lado disse: ‘Beatriz, o Diego está mau, ele sofreu um acidente.De repente o mundo parou, tudo ficou escuro e depois claro, suas pernas não aguentavam mais o peso do seu corpo. E suas mãos não conseguiram segurar o celular de tão tremulas que estavam. Ela se lembra que uma lágrima correu sobre seu rosto, ela não conseguira acreditar. Então tudo ficou escuro novamente, e depois ela acordou com sua mãe gritando pelo seu nome. Ela não deu nenhuma explicação, simplesmente saiu correndo em direção a porta, foi até o hospital que fica algumas quadras de sua casa porém foi barrada por que não poderia entrar na UTI, então, chorando ela se culpou por ter discutido com ele justo naquele dia, por não ter o convidado pra ir em sua casa como sempre ela fazia, se culpou também por não estar ao lado dele no momento que ele mais precisou de sua companhia , por não ter chances de ter salvado ele. Rita [mãe dele] chorando, veio na direção dela e lhe deu um abraço, não disseram nada uma para outra, pois não havia palavra para falar, o abraço falou por elas.

Então ela voltou para casa, ela não chorava, não estava desesperada, não gritava, não falava com ninguém. Simplesmente a ficha ainda não tinha caído. A primeira coisa que ela falou, foi pra obrigar sua mãe a prometer que ele iria ficar bem, que ele sairia daquela cama e viria lhe dar um abraço, que ele segunda iria estar na aula. Depois que sua mãe prometeu, ela novamente se calou.

5h00mn da manhã seu celular novamente tocou, e a primeira coisa na manhã de sábado que ela ouviu foi: ‘Diego morreu’. Novamente ela não chorou, dessa vez não viu escuridão nenhuma, suas mãos aguentaram o peso do celular, e ela fez uma coisa fora de si, caiu na gargalhada. E logo em seguida começou a chorar de novo.

Ela se sentiu horrível ao vê-lo naquele caixão, horrível ver que ela não poderia fazer nada pra te-lo de volta. E ela fez uma coisa que nunca imaginou que faria, se agarrou a ele, e começou a falar que o amava que ele era o seu melhor amigo. Como se ele fosse escutar.. No fundo, ela tinha alguma esperança que ele se levantasse e lhe respondesse, tinha esperança que tudo não passava de uma brincadeira sem graça.

Minutos se passaram e nada dele levantar, nada de falarem que era uma brincadeira; Então ela olhou para Rita e ela estava tranquila, olhando para ele como se fosse um desconhecido. Depois foi que ela conseguiu reparar que a pobre mulher estava dopada; Ela sabia que Rita estava sofrendo mais que ela.. Que era difícil uma mãe enterrar um filho.

Em vez de ela consolar Rita, Rita era que estava a consolando. Ela só se lembra de ter chorado como nunca conseguira antes. Seu Diego, seu bebê, seu melhor amigo, estava ali deitado, num caixão na sua frente. Ele, que era tão elétrico tão cheio de vida, estava ali, com os olhos fechados e as mãos cruzadas uma em cima da outra. Ele, justo ele. Aquele que a apoiou tanto, aquele que a deu a mão quando ela mais precisou, aquele que brigava quando ela merecia, aquele que foi seu irmão, seu pai, sua mãe, e seu melhor amigo. Aquele que lhe deu esperanças quando a sua já tinha ido embora, aquele que lhe dava forças, aquele que era seus olhos quando ela não podia enxergar, aquele que era a sua força quando ela não tinha mais.

O dono dos melhores conselhos, melhores abraços, o dono da risada mais gostosa, da voz mais calma, do olhar mais sincero. O dono do sorriso daquela garota, da sua alegria, da sua confiança. O principal e talvez a pessoa mais importante da sua vida. Na segunda-feira uma dor ainda maior, ele não estava lá, ele não deu um abraço nela, não sorriu para ela.

Hoje ela sente a maior saudade, saudade que palavras nenhuma podem expressar, e a cada dia que passa a cada volta que o ponteiro do relógio da, ela fica esperando ansiosamente a chegada da hora que ela vai poder te-lo de volta em seus braços. Que ela poderá ver aquele sorriso de moleque travesso de novo. Ela o ama e nada, ninguém e nem mesmo a morte pode mudar isso.


[ Taynne Cristyne ]

2 comentários:

  1. UHUUUL, me emocionei aqui. Parabéns, meu caso antigo, to com saudadee ! kisses *-*

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  2. Own *-* muito obrigada minha primeira esposa õ/ saudades..

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